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  • Foto do escritorAisha Raquel Ali

Em pleno 2023 ainda há desafios na recolocação feminina no mercado de trabalho

Para avançar em 2024 precisaremos de equilíbrio entre vida e trabalho, posicionamento e sororidade

Nesta edição da Alou news trago uma entrevista exclusiva com Ana Paula Marçal Fortunato para nos ajudar a refletir que apesar de todos os avanços sociais, ainda em 2023 as mulheres ainda enfrentam grandes dificuldades para se inserir no mercado e como ser agente de mudança para 2024


Ana Paula Marçal Fortunato exerce atualmente as funções de Headhunter, Jobhunter, Assessora de Carreira com uma década de experiência sólida no universo dos Recursos Humanos e me contou os desafios da recolocação profissional das mulheres e o como precisamos nos posicionar assertivamente desde o processo seletivo.


Joana D’arc Souza: Olhando para 2023 quais os principais desafios para recolocação feminina?


Ana Paula Marçal: Equilíbrio entre vida pessoal e profissional é o primeiríssimo no ranking. A mulher precisa enfrentar o cansaço e sobrecarga de diversos papéis, além do preconceito que existe onde somos julgadas em relação ao papel de cuidadora invisível que desempenhamos.


Joana D’arc Souza: Você considera que as mulheres encaram mais dificuldade que os homens para se recolocar? Por quê?


Ana Paula Marçal: Com certeza! Estamos sempre sendo avaliadas para além das competências técnicas e comportamentais, os entrevistadores e gestores querem saber se teremos filhos, se já temos, se pretendemos casar e outras questões que não influenciam na nossa capacidade de lidar com questões no mundo corporativo, mas que fazem parte de vieses estabelecidos sobre absenteísmo e turnover vinculado ao gênero feminino. Por esse motivo, acabam tendenciando na contratação de homens em nosso detrimento.


Joana D’arc Souza: Percebe alguma diferença de acordo com o mercado que a profissional está inserida?


Ana Paula Marçal: Sim! Mulheres conseguem recolocação mais rapidamente em posições consideradas menos "lógicas" e mais "assistenciais". Uma enfermeira se recoloca em média 3 vezes mais rápido que uma engenheira. Uma engenheira civil, mais rapidamente que uma engenheira mecânica. Esses dados, observei nos processos de assessoramento que já realizei.


Joana D’arc Souza: Nem todas somos mães, mas de alguma forma estamos envolvidas com o cuidado com os familiares, por exemplo, isso é um complicador para a recolocação feminina? Por quê?


Ana Paula Marçal: É, devido ao viés relacionado ao cuidado. A mulher é sempre vista como aquela que cuidará de alguém, seja filho, marido ou familiar.


Joana D’arc Souza: Muitas vezes as características femininas são "mal vistas" no mundo corporativo, como ser funcional sem perder a essência?


Ana Paula Marçal: Acredito muito que precisamos manter nossa essência feminina e que para conquistar lugar no mundo machista não precisamos 'engrossar a voz", muito pelo contrário, é justamente nossa forma de ver o mundo que pode agregar valor aos ambientes corporativos, se somos julgadas pelo nosso papel de cuidado na sociedade, devemos mostrar que CUIDAR é essencial em qualquer lugar.


Joana D’arc Souza: Qual a utilidade das perguntas pessoais feitas pelo RH? É práxis ou realmente faz diferença na contratação, por exemplo, no caso de benefícios trabalhistas para o CLT?


Ana Paula Marçal: O RH pode perguntar sobre aspectos pessoais das candidatas para ter uma real experiência quanto aos valores e formato de vida da possível futura colaboradora, o problema é quando há pré-julgamentos em relação às pessoas! Alguns profissionais tornam a entrevista de emprego um verdadeiro interrogatório, essa prática além de prejudicar o desempenho da candidata também mostrar uma cultura tóxica por parte da empresa.


Joana D’arc Souza: Como se posicionar diante de perguntas pessoais na entrevista?


Ana Paula Marçal:

1 - Manter a Calma

2 - Ser honesto

3 - Devolver as perguntas ao entrevistador! Sim... isso mesmo, digo para as minhas assessoradas que sempre que surgir perguntas pessoais, que devolvam a pergunta. Um exemplo: Você tem filhos? Resposta: Tenho, sim, inclusive, gostaria de saber se há algum benefício que possa ser estendido a eles.

Ter filhos ou não, não deveria ser o foco da conversa, mas os benefícios que a empresa apresenta, sim! Vamos levar o assunto para os temas que realmente importam, concorda?


Joana D’arc Souza: Para 24 você considera que pode haver alguma mudança?


Ana Paula Marçal: A mudança vem acontecendo paulatinamente e deve continuar em 2024. O triste é que certamente não notaremos fortemente, mas o bom é que o progresso continua.


Joana D’arc Souza: Como ser parte da mudança em 24?


Ana Paula Marçal: Posicionamento e Sororidade

temos que nos posicionar e não aceitar comportamentos desagradáveis e também nos unir. A força da nossa união é o que vem mudando o cenário. Mulheres, historicamente, são criadas para competir entre si, mas essa receita só nos fragilizou ao longo do tempo, juntas somos mais fortes.



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