Morre Aracy Balabanian, atriz que marcou TV com humor e drama, aos 83 anos
Aisha Raquel Ali
7 de ago. de 20233 min de leitura
Aracy estava internada na Clínica São Vicente, na Gávea, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e lutava contra um câncer de pulmão desde o fim do ano passado.
A atriz Aracy Balabanian morreu aos 83 anos na manhã desta segunda-feira, dia 7. A morte foi confirmada pela assistente pessoal da artista.
Durante sua carreira, Balabanian colecionou papéis inesquecíveis, firmando-se como um dos rostos mais conhecidos da televisão brasileira. Conhecida pela versatilidade, ela marcou a TV com humor escrachado e drama profundo.
Entre seus trabalhos mais conhecidos na televisão, está a personagem Cassandra, do programa "Sai de Baixo", exibido pela TV Globo entre 1996 e 2002. Além disso, deu vida à celebre Dona Armênia, na novela "Rainha da Sucata", um de seus trabalhos mais conhecidos.
Artistas lamentaram a morte da atriz e prestaram homenagens. Miguel Falabella, que contracenou com Aracy em "Sai De Baixo", afirmou que tem lembranças coloridas e ensolaradas com a artista.
"Minha amada Aracy, minha rainha, atriz de primeira grandeza, companheira irretocável, amor de muitas vidas. Obrigado pela honra de ter estado ao seu lado exercendo nosso ofício, obrigado pelo afeto, pelos conselhos, pelas gargalhadas e pela vida que você tão delicadamente me ofereceu".
Alexandre Borges disse que a artista vai fazer muita falta pois era uma mulher fantástica, mas que deixa muitas obras. "Ela era uma amiga pessoal, linda, e deixa trabalhos maravilhosos", disse no programa Encontro com Patricia Poeta.
Isabel Teixeira, que interpretou Maria Bruaca em "Pantanal", homenageou a atriz e disse que vai continuar a seguir os passos trilhados por ela. "Aquele nosso encontro, quase marcado, vai ficar para mais tarde. Fica aqui minha singela homenagem e a promessa que seguirei como uma navegadora atenta à rosa dos ventos desenhada por você. Todo meu amor à essa atriz maravilhosa, que deixa sua marca em várias gerações."
Atriz, de origem armênia, era sul-mato-grossense, de Campo Grande. Iniciou sua carreira em 1963, aos 23 anos. Mas a ligação com a dramaturgia surgiu antes, quando ela tinha 15 anos e assistiu a uma peça de teatro da atriz Maria Della Costa (1926-2015).
A experiência a impactou fortemente, a ponto de revelar que era aquilo que queria fazer na vida. Entretanto, a atriz costumava dizer em entrevistas que viveu numa época que era considerado feio uma mulher fazer teatro. "A mulher era educada para ser dona de casa e obedecer ao marido".
Boa aluna, a jovem estudou no Colégio Bandeirantes, que lhe deu o suporte para entrar na Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, no curso de Ciências Sociais e, ao mesmo tempo, na Escola de Arte Dramática (EAD).
Acabou abandonando, no terceiro ano, o curso de Ciências Sociais para terminar o de arte dramática com louvor, pois lá havia tudo o que precisava para se realizar. Na peça de formatura, encenou "Macbeth", interpretando a personagem Lady Machbeth, que lhe rendeu uma nota 10.
A peça "Os Ossos do Barão" (1962), de Jorge Andrade (1922-1984), foi a primeira que a atriz, então com 22 anos, participou ao ingressar no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). A obra foi um sucesso absoluto, com mais de 500 apresentações, sendo assistida por mais de 125 mil espectadores, permanecendo quase dois anos em cartaz.
Apesar do sucesso já no começo da carreira, Aracy enfrentou resistência do pai, que não aceitava ter uma filha na dramaturgia. No entanto, ela não desistiu na carreira e estreou na televisão em 1968, em uma montagem de "Antígona", de Sófocles, na extinta TV Tupi.
O apoio e a concordância só aconteceram quando a artista participou da novela "Antonio Maria" (1968), protagonizada por Sérgio Cardoso (1925-1972), ator de quem seu pai era profundo admirador. Foi assim que ele, além de aceitar a profissão da filha, passou a ser seu fã.
Na televisão, a atriz viveu uma fase de ouro, atuando em novelas consideradas clássicas na teledramaturgia brasileira, como "Nino, o Italianinho" e "A Fábrica", escritas por Geraldo Vietri (1927-1996).
Depois do sucesso arrebatador que obteve com esses folhetins, a atriz foi convidada para realizar na TV Globo, em parceria com a TV Cultura, o cultuado programa infantil "Vila Sésamo" (1972), durante dois anos.
"Meu orgulho e felicidade é de ter feito esse programa. As crianças aprendiam a ler e a contar, pois o programa tinha essa finalidade. Pena que acabou", dizia Balabanian.
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